10 de dez. de 2007

A idéia

De onde ela vem? De que matéria bruta
Vem essa luz que cai
De incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?


Vem da psicogenética em alta luta
Do feixe de moléculas nervosas
Que em desintegrações maravilhosas
Delibera depois quer e executa


Vem do encéfalo absconso que a constringe
Chega em seguida às cordas da laringe
Tísica, tênue, mínima , raquítica


Quebra a força centrípeta que a amarra
E de repente, quase morta esbarra
No molambo da língua paralítica

(Poema de Augusto dos Anjos)

6 de dez. de 2007

A sonda Pioneer , onde andará?

A sonda americana Pioneer 10 foi lançada em março de 1972, rumo ao desconhecido. Após o lançamento atingiu a incrível velocidade de 52000 Km/h e , 11 horas depois, já passava pela Lua.
A Pionner continuou acelerando até a velocidade de 131000Km/h. Dessa forma passou por Marte , quatro meses após a partida. Chegou às proximidades de Júpiter em dezembro de 1973, sendo a primeira sonda a enviar imagens detalhadas desse grande planeta.



Em 1984, a Pioneer 10 já estava na fronteira do nosso sistema solar, sempre enviando informações e imagens do que encontrava pelo caminho. A sua distância da Terra já era cerca de 12 bilhões de Km, em 1997. A essa altura, as ondas de rádio da Pioneer ( que viajam à velocidade da luz) , demoravam 11 horas para chegar aqui.



O último contato com a Pionner 10 ocorreu em janeiro de 2003. O sinal estava muito fraco, pois a sua fonte de energia, um reator trmonuclear de radiosiótopos , estava no fim.



Contudo, a Pionner 10 continua o deslocar-se em silêncio com a velocidade de 131000Km/h, rumo à estrela vermelha de Aldebarã, na constelação de Touro, distante 68 anos luz daqui. Se nada acontecer no caminho, a Pionner chegará a Aldebarã daqui a 2 milhões de anos.



O mais interessante é que a Pioneer 10 levou consigo uma placa de alumínio dourado, com informações sobre a localização da Terra e com a silhueta de um homem e uma mulher. Isso foi uma iniciativa do Físico Carl Sagan na tentativa de uma comunicação com seres alienígenas que porventura a encontrassem em sua jornada.





Nesse momento, a Pionner 10 está palpitando na escuridão e no frio do espaço. Prossegue em sua odisséia, seus olhos eletrônicos seguem fitando coisas que jamais veremos. Por isso, quando necessito desligar-me um pouco do cotidiano fastidioso, finjo que sou um hipotético tripulante da Pionner 10 e o longíquo brilho das estrelas, rodeado pelo vácuo indiferente , traz-me algum consolo.

30 de nov. de 2007

O que é HAARP?

O HAARP (sigla em inglês para Programa de Pesquisa Auroral Ativo de Alta Freqüência) é um projeto do governo americano que visa estudar as altas camadas da atmosfera ( especialmente a ionosfera) para melhorar as telecomunicações e entender melhor as mudanças climáticas. Consiste em um gigantesco complexo de antenas no Alaska , que emitem ondas de rádio concentradas para alguns pontos da ionosfera ( camada eletrificada que fica a cerca de 70 km de altitude).


Essas ondas eletromagnéticas aquecem a ionosfera e depois são refletidas de volta para a Terra, em qualquer posição. As ondas que retornam têm grande comprimento, por isso, penetram profundamente nos oceanos e até abaixo da superfície rochosa do Planeta. A comunicação com submarinos nucleares em grandes profundidades ficou mais fácil. Até aí tudo bem.




O problema é que toda essa energia irradiada para a ionosfera pode ser manipulada para causar transformações climáticas em qualquer ponto do planeta. Inclusive gerando terremotos.





O HAARP, portanto, pode ser usado como uma grande arma climática global. Com ele, os americanos poderiam, por exemplo, causar um furacão em qualquer região do mundo.



Sei que isso está parecendo teoria da conspiração, mas vários cientistas renomados vem alertando há anos para essa possibilidade. Os mais exaltados falam até em controle mental de seres humanos em vastas regiões povoadas.



Não sei se chega a tanto, mas não acho muito inteligente confiarmos cegamente nas boas intenções da nação mais poderosa do planeta. Fique de olho.

16 de nov. de 2007

Quer ver a origem do Universo?

O Espaço cósmico está repleto de uma radiação equivalente à emitida por um corpo com temperatura de 3K (-270ºC ) . É a radiação cósmica de fundo, uma espécie de ruido provocado pela suposta explosão que deu origem ao Universo, o big-bang.


A radiação cósmica de fundo foi descoberta na década de 1960 pelos astrônomos americanos Arno Penzias e Robert Wilson . Usando uma antena com formato exótico, eles pesquisavam ondas de rádio emitidas por algumas estrelas distantes. No decorrer da pesquisa , sentiram-se muito incomodados com um ruido permanente na antena, como se fosse estática.

Arno Penzias e Wilson, com sua antena
Chegaram a expulsar um grupo de pombos que havia fixado residência na estranha antena ,pois suspeitavam que esses hóspedes indesejados eram os causadores do estranho ruido . Limparam cuidadosamente os excrementos deixados pelos pássaros, mas não adiantou, o ruido continuava e parecia vir de todas as direções do espaço.


Após descartarem todas as possíveis origens dessa interferência, concluiram que se tratava de uma radiação onipresente no espaço profundo. Estava confirmada uma das maiores evidências do big-bang.


Você pode constatar agora mesmo a existência dessa radiação. Para isso, basta sintonizar a sua TV em um canal desocupado ( fora do ar). Boa parte dos milhões de "chuviscos" na tela são causados pela radiação cósmica de fundo, ondas de rádio que viajaram 14 bilhões de anos até chegarem ao seu televisor.
Ah! um detalhe, algumas TVs têm a função "Tela azul" , isso pode impedir a sua visão da origem do Universo. Não esqueça de desabilitá-la.


Você vai me achar maluco, mas às vezes gosto de ficar olhando um canal não sintonizado e imaginar como era o Universo em seu surgimento. Uma autêntica visão do infinito , bem melhor do que muitos programas da TV atual , não acha?

15 de nov. de 2007

A sutil influência do passado

Às vezes é difícil perceber como muitas de nossas crenças e convicções foram tramadas em um passado distante. E não é só isso, várias tecnologias de ponta seguem esses mesmos padrões, veja abaixo ,um exemplo curioso do que estou falando.

A bitola das ferrovias (distância entre os dois trilhos) nos Estados Unidos é de 4 pés e 8,5 polegadas. Por que esse número "mágico" foi utilizado? Porque era esta a bitola das ferrovias inglesas e como as americanas foram construídas pelos ingleses, esta foi a medida utilizada.
Por que os ingleses usavam esta medida? Porque as empresas inglesas que construíam os vagões eram as mesmas que construíam as carroças, antes das ferrovias, e se utilizavam dos mesmos ferramentais das carroças.
Por que das medidas (4 pés e 8,5 polegadas) para as carroças? Porque a distância entre as rodas das carroças deveria servir para as estradas antigas da Europa, que tinham esta medida. E por que tinham esta medida?
Porque essas estradas foram abertas pelo antigo Império Romano, em suas conquistas, e tinham as medidas baseadas nas antigas bigas romanas. E por que as medidas das bigas foram definidas assim? Porque foram feitas para acomodar dois traseiros de cavalos! E, finalmente...
O ônibus espacial americano, o Space Shuttle, utiliza dois tanques de combustível sólido (SRB - Solid Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol, em Utah. Os engenheiros que os projetaram queriam fazê-lo mais largo, porém, tinham a limitação dos túneis das ferrovias por onde eles seriam transportados, os quais tinham suas medidas baseadas na bitola da linha.

Conclusão: O exemplo mais avançado da engenharia mundial em design e tecnologia acaba sendo afetado pelo tamanho da bunda do cavalo da Roma antiga. Inacreditável , não é?

9 de nov. de 2007

Mude

Poema de Edson Marques
(Clique aqui e ouça na voz de Antônio Abujamra - necessário windows media player)


Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livrementena praia, ou no parque,
e ouvir o canto dospassarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais...
Leia outros livros, viva outros romances.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
Escolha comidas diferentes,Novos temperos, novas cores, Novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,o novo jeito,
o novo prazer, o novo amor,a nova vida.Tente.
Busque novos amigos tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
Outra marca de sabonete, outro creme dental...
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,troque de carro,
compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabelereiros,outros teatros,
visite novos museus.mude.
Lembre-se de que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um
Outro emprego, uma nova ocupação,
um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno,mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.Troque novamente.
Mude, de novo.Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento,o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena!!!

5 de nov. de 2007

O que é física quântica?

Há quem diga que a física quântica foi a maior aventura do intelecto humano. Ela é formada por um conjunto de teorias, motivadas por descobertas feitas no início do século vinte, e ainda está em franco desenvolvimento.
Vejamos algumas idéias centrais da física quântica (sem nenhuma matemática, para agradar a muitos leitores) :

1) A dualidade partícula-onda: Não há uma distinção real e objetiva entre partículas (materiais) e ondas (energéticas). Tudo o que existe pode, eventulamente, comportar-se com uma ou outra. Partícula e onda são nuances das mesma realidade. As partículas sub atômicas, por exemplo, comportam-se como ondas em muitos fenômenos observados.

2) O princípio da incerteza : Não se pode medir a "energia" e a posição de uma partícula, simultaneamente, com a mesma precisão. Se você calcular a energia ( momento) , então a posição fica dentro de um intervalo de incerteza, e vice-versa. As implicações dessa teoria são muito interessantes, já que um fenômeno tem um resultado se você está "olhando" pra ele e outro, quando você não está. De certa forma, nós criamos a realidade com o nosso olhar.

A física quântica trouxe uma nova maneira de fazer ciência, conectando para sempre o objeto e o observador. Um transforma o outro e os estados possíveis se complementam. Tudo isto não são apenas elocubrações teóricas, já que muitas tecnologias das quais usufruimos, só foram possíveis graças a estas idéias.

Assista abaixo, em trechos de um documentário produzido pelo Discovery Channel, o contexto mundial em que a física quântica se desenvolveu e uma experiência mental fascinante, conhecida como o gato de Schordinger. Pobre gato!





2 de nov. de 2007

Os buracos negros podem levar você a outros universos?

Em princípio a matemática dos buracos negros mostra que eles podem transportar você a outra região do espaço ou possivelmente para outro universo. A imensa curvatura gravitacional do espaço tempo nos arredores de um buraco negro, também pode criar uma curva de tempo-tipo-fechada, o que significa que você poderia ir para o futuro ou para o passado, já imaginou?


No entanto, a matemática também mostra que a conexão apenas dura por uma fração de segundo por cada vez e que a ligação a outros universos depende de uma boa quantidade de condições específicas, que podem sequer existir.

Mesmo que fosse possível, entretanto, o forte campo gravitacional de um buraco negro destruiria qualquer material que caísse ali. Portanto, uma vez que qualquer coisa, incluindo a luz, atravessasse o chamado horizonte de eventos, iria afundar na gravidade e não sairia do outro lado parecendo-se nada com o que entrou. Resumindo, ao entrar no buraco negro, você teria uma grande chance de virar picadinho, ou uma "sopa" de moléculas.

Apesar de tudo isso, acho que vale a pena o risco, e você o que acha?

29 de out. de 2007

A navalha de Occan

William de Ockham (Occam é a grafia latina), teólogo inglês do começo do século quatorze, é hoje, na melhor das hipóteses, um ilustre desconhecido. Comparados com ele, Tomás de Aquino e Duns Scotus são superstars e, no entanto, os pensamentos de Occam moldaram a ciência moderna.
A chamada "navalha de Occam", foi um instrumento lógico que ele criou para despojar uma tese de seus ornamentos absurdos. A máxima de Occam era que, quanto mais simples uma explanação, melhor. A menos que seja necessário, não introduza complexidades ou suposições em um argumento. Não só o resultado será menos elegante e convincente, como também terá menos probabilidade de estar correto.


Uma das suposições que a navalha de Occam dispensou foi a da existência de Deus. Não que ele não acreditasse que Deus existe, é claro. Simplesmente, ele achava que você não poderia provar isso, porque para fazê-lo teria que recorrer a argumentos bastante complexos (e difíceis de acreditar). Desde essa época Ciência e Religião seguem caminhos distintos.


Mas o que observamos hoje é um retrocesso ao período do século quatorze. Muitas crenças modernas se auto intitulam de científicas. Algumas até usam, de maneira distorcida, a física quântica para fundamentar os seus fracos argumentos.


Fique claro que não sou contra nenhuma religião, aliás, as idéias de sobreviver à morte do corpo, viver eternamente ou retornar em outro corpo, até que me são bastantes simpáticas.


Penso que o religioso verdadeiro é uma alma valorosa , pois deixou de olhar apenas para si, abandonou o próprio egoísmo para se dedicar a algo maior do que ele próprio, muitas vezes praticando a tolerância e a caridade.


O que não concordo é com a tentativa de "cientifizar" algo que não pode ser verificado, e de usar a confiabilidade da ciência para promover uma crença ou superstição.


Em vez disso, seria melhor reforçar na mente humana a ídeia de liberdade. Mostrar ao indivíduo ,que ele não precisa acreditar em nada que não queira, nem na Ciência, se esse for o seu desejo.

" Nós cientistas também sabemos o quanto a realidade é muitas vezes cruel e desesperançosa e nos perguntamos se uma ilusão não seria mais consoladora."
Henry poincaré

O conselho de Einstein

Na década de 1930, Albert Einstein fixou residência nos EUA, indo trabalhar como chefe do departamento de estudos avançados da Princeton University. Nessa época, Einstein recebeu uma carta de um estudante europeu, dizendo que se sentia angustiado com o seu futuro incerto e não aguentava mais as pressões que recebia por parte de seus pais, professores, amigos, etc.
Eis a resposta de Einstein:

" Não leia jornais. Leias os escritores de tempos antigos, como Kant, Goethe, Lessing e outros, e você perceberá o quanto eles entendem mais da nossa época do que nós mesmos. Faça amizade com alguns animais e sempre que possível, tenha contato com a natureza. Finja o tempo todo que você está vivendo em Marte, entre criaturas estranhas, e não dê muito valor às ações dessas criaturas. Você, como todos os estudantes de nossa época, é vítima do pior dos males do capitalismo: A invalidação do indivídio e o estímulo permamente a uma atitude competitiva exagerada, instruindo-o a adorar o êxito aquisitivo acima de todas as coisas.

Tenha sempre em mente que os melhores e mais nobres estão sempre sós, sempre foi assim e sempre será. Mas isso é bom, pois você pode aproveitar ao máximo , a pureza de sua própria atmosfera..."

Quase um século se passou desde esta carta, mas o seu conteúdo continua valendo. Queixas como as desse estudante são ouvidas por muitos professores, quase todo dia.

Os Indivíduos de real valor são aqueles que se libertam das estruturas de pensamento, montadas muito antes de seu nascimento. Nem que isso seja feito no mais absoluto silêncio.

28 de out. de 2007

O Dragão Na Minha Garagem

- Um dragão que cospe fogo pelas ventas vive na minha garagem.

Suponhamos que eu lhe faça seriamente essa afirmação. Com certeza você iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!
- Mostre-me – você diz. Eu o levo até a minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão.
- Onde está o dragão? – você pergunta
- Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci de lhe dizer que é um dragão invisível.
Você propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as pegadas do dragão
- Boa idéia – digo eu –, mas esse dragão flutua no ar.
Então, você quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível.
- Boa idéia, mas o fogo invisível é também desprovido de calor.
Você quer borrifar o dragão com tinta para torná-lo visível.
- Boa idéia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir.
E assim por diante. Eu me oponho a todo teste físico que você propõe com uma explicação especial de por que não vai funcionar.
Qual a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhum experimento concebível vale contra ela, o que significa dizer que o meu dragão existe? A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela. Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem caráter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração. O que eu estou pedindo a você é tão somente que, em face da ausência de evidências, acredite na minha palavra.

Extraído do livro de Carl Sagan : "O Mundo Assombrado por Demônios - a ciência vista como uma vela no escuro" - Companhia das Letras

27 de out. de 2007

Vida fora da Terra

Hoje um aluno perguntou se eu acreditava em vida extra-terrestre. respondi que sim, pois acredito que a vida é um fenômeno natural e como tal, segue leis universais.
Isaac Newton (1643-1727) foi o primeiro cientista a demonstrar que a natureza não é subdividida, ou seja, não existem leis da Terra e leis do céu, como acreditava o filósofo grego Aristóteles.
Só há a vida na Terra porque as leis naturais permitem que moléculas evoluídas se auto repliquem dentro de certas condições. Se as mesmas condições ocorrerem em outros mundos, então a vida surgirá compulsoriamente.
Os fenômenos impossíveis não ocorrem, mas os possíveis simplesmente são obrigados a ocorrer, não há outra possibilidade.
Hoje sabemos que o tamanho do universo é algo em torno de 14 bilhões de anos-luz ( 1 ano-luz = 9,5 trilhões de Km). A possibilidade de existirem mundos semelhantes à Terra é perto de 100% e, só na nossa galáxia, existem estrelas semelhantes ao nosso Sol , aos bilhões. Toda essa vastidão praticamente obriga a existência da vida fora da Terra.
Em seguida, ele me perguntou se poderia ser vida inteligente como a nossa.
"E por que não?",Respondi . Uma vez que, o que chamamos de inteligência é ,também , um fenômeno natural, causado pela evolução de um órgão complexo- o cérebro.
A Ciência tem se mostrado extremamente confiável ao longo do tempo. Ainda não tem todas as respostas ( nem pretende) ,mas tem ajudado muito a humanidade em muitos aspectos, principalmente no que diz respeito à compreensão do universo.
Agora é só esperar algum contato. Espero que ocorra ainda em nossa geração.

Zenão , a pluralidade e o infinito

Zenão (490-485 a. C) foi um dos primeiros matemáticos gregos a pensar sobre a idéia de infinito. Leia abaixo um dos chamados "paradoxos de Zenão" e faça a sua mente divagar no infinito.
"Se a pluralidade existe, as coisas serão igualmente grandes e pequenas; tão grandes que serão infinitas em tamanho, tão pequenas que não terão qualquer tamanho.
Se o que existe não tivesse tamanho, nem sequer seria. Pois se fosse acrescentado a qualquer outra coisa, não a faria maior; pois não tendo tamanho algum, não podia, ao ser acrescentado, causar qualquer aumento em tamanho. E assim, o que fosse acrescentado seria evidentemente nada. E também se, ao ser tirado, a outra coisa não fica menor, tal como, quando acrescentada, não aumenta, é óbvio que o que foi juntado ou tirado era nada.
Mas, se existe, cada coisa deve ter um certo tamanho e espessura; e uma parte dela tem de estar a certa distância de outra parte; e o mesmo argumento vale para a parte que está diante dela - que também terá algum tamanho, e alguma parte dela estará à frente. E é a mesma coisa dizer isto uma vez e continuar a dizê-lo indefinidamente; pois nenhuma parte dela será a última, nem haverá nunca uma parte sem relação a outra.
Assim, se há uma pluralidade, as coisas têm de ser igualmente grandes e pequenas; tão pequenas que nem terão tamanho, tão grandes que serão infinitas." fonte :(Kirk e Raven,1979, p. 295)
A figura é uma pintura do holandês M. C. Escher (1898-1970), retratando a tira de Moebius, uma superfície de face única, portanto, infinita.

Pálido ponto azul



Uma reflexão fabulosa de um dos grandes divulgadores da ciência no século XX : Carl Sagan. A minúscula imagem da Terra (pale blue dot) foi tirada pela sonda Voyager que, a centenas de milhões de quilômetros, virou suas câmeras para trás para alertar-nos acerca de nossa insignificância.