1 de mai. de 2008

Como você aprende Física e Matemática?

A maioria dos professores e pedagogos estão convencidos de que exemplos concretos ( do dia a dia) facilitam o aprendizado da matemática e da física . O discurso generalizado é que aprendizagem de conceitos abstratos feita somente através de símbolos torna a matemática inacessível ao aluno.

Professores (como eu) com um estilo mais teórico e por vezes até filosófico, são muito criticados pelos técnicos da educação, que muitas vezes nunca entraram em uma sala de aula. Certa vez, um diretor de uma escola chegou a criticar o meu vocabulário, acusando-o de "muito erudito para ser compreendido pelos alunos", imagina! Terminou aconselhando-me a pesquisar gírias atuais para melhorar a minha comunicação com o alunado (ABSURDO).


Argumentei que acredito que o professor deve acrescentar sempre algo ao aluno e, se possível, idéias, palavras e aprendizados úteis e duradouros.


Pois bem. Esta semana descobri que não estou sozinho (ufa!). Pesquisadores da universidade de Ohio (EUA) publicaram um trabalho na conceituada revista Science, mostrando o resultado de uma pesquisa inédita sobre o ensino de ciências e matemática.

Descobriram que o ensino recheado de situações práticas, ao contrário do que todo mundo pensa, dificulta o aprendizado da matemática e da física. Exemplos muito cotidianos não servem para aprender as idéias da matemática de forma definitiva e impedem que os alunos transfiram tais conceitos para outras situações.


Foram realizados experimentos aleatórios controlados (coisa rara em pesquisas educacionais) com estudantes voluntários. No experimento os estudantes aprenderam um sistema matemático simples, mas desconhecido por eles, que é essencialmente uma série de regras.


Alguns aprenderam o sistema através de símbolos puramente abstratos e outros através de exemplos concretos como combinar líquidos em copos de medida e bolas de tênis em um recipiente. Em seguida os estudantes foram testados em uma situação diferente — foi dito a eles que era uma brincadeira infantil — que usava aquela matemática. “Nós dissemos aos estudantes que poderiam usar o conhecimento que haviam acabado de adquirir para descobrir as regras do jogo”, disse Jennifer Kamiski, pesquisadora da universidade de Ohio.


Os estudantes que aprenderam aquela matemática de maneira abstrata se saíram bem ao descobrir as regras do jogo. Aqueles que haviam aprendido através de exemplos usando copos de medida ou bolas de tênis foram apenas um pouco melhor do que se estivessem tentando adivinhar a resposta.


A explicação é simples. O ensino contextualizado em excesso acaba chamando atenção do aluno para coisas muito superficiais, contidas nos exemplos e, dessa forma, afastando o conhecimento que realmente importa.


A conclusão que tiro dessa discussão é que a generalização é o grande mal da educação. Nunca admiti um ensino pragmático ao extremo , com resultados rápidos. Acho isso uma grande ilusão. Temos sim é que tentar transferir aos alunos, toda a nossa paixão pela ciência e mostrar que nem sempre os métodos que os divertem são eficientes e contribuem para a sua formação global.